on quinta-feira, 28 de maio de 2009

Pela terceira vez, a brisa voltou a abrir-me, mais uma vez consegui encontrar-me, a doce respiração, a pura da leveza, a brutalidade do barulho que a água nao faz.
Consigo sim!
O suor a pingar na cabeça com a intenção...
A minha própria respiração toda igual, tao calma, tao inexistente como o da água.
A calma, sim, apodera-se da minha pele com a certeza de que durante 5 minutos estou desligado.
Mais uma vez...
Mais uma vez memorizei tudo e esqueci quando sair!
Mais uma vez eu lembrei tudo e depois nao sei
Mais uma vez fui ninguem durante o tempo que existi ali!


on terça-feira, 26 de maio de 2009

olha em redor dos bosques as veredas destruídas
pela explosão devastadora das minas e ouve
as vozes límpidas morrerem no poema

antes e depois da alegria
antes e depois do pânico

grava na parede esboroada do ar
o sulco ténue da infância - e fala-me dela
aproxima-te
para veres o horror tranquilo das imagens
no fundo dos meus olhos

antes e depois da alegria
antes e depois do pânico

debruça-te naquele terraço virado ao inimigo
onde um rosto de estuque arde e
um ferro reduziu a memória a nada

antes e depois da alegria
antes e depois do pânico

em volta das casas demolidas o anoitecer
o lume incontrolável - e alguém
atravessa o deserto
com uma criança de jade nos braços

antes e depois da alegria
antes e depois do pânico
mas
sempre durante o sofrimento

não cantes


"Al Berto"

Eu!

on quarta-feira, 13 de maio de 2009

O que me faz falta?
o mar
respirar em cima da areia,
mergulhar e voltar ao cimo e ver que nao está la ninguem, ver que está tudo escuro...
gosto de mergulhar e ver o que sou,
de me realizar sozinho com quem sou!
Porquê?!
Porque sim...
Porque é assim, porque é assim que eu vivo, porque é assim que consigo!
Se sou louco?!
Talvez...
Nao sei quem sou por fora, identifico-me com a minha alma!
Gostas dela?!
Sim, amo-a, é o meu chão!
E de ti?
De mim???
Eu nao existo em mim, ou secalhar existo, e falo varias vezes comigo, opiniões e esclarecimentos entre mim e eu!
Só podes estar doido...
Sim, e se estiver, consigo ser feliz a mesma, consigo ver o ceu de olhos fechados, e tocar na lua quando fumo um cigarro á janela!
Cala-te!
Nao calo, nao sei calar, falo o que eu quizer e me apetecer, falo quando eu quizer e quando me apetecer...
Nao vales nada!
Nao vales nada!
Nao vales nada!
ahahahahaha
Quem és tu?!
o que é que tu sabes da vida??
Desaparece de mim!
Nao preciso dos teus conselhos!
Nao preciso de nada teu!
Sai de dentro de mim!!!!
Desaparece!
ahahahhaha
Desapareco quando me apetecer...
Ja nao me controlas!
Já nao te controlas!!
Agora quem manda sou eu!
Que é que vais fazer??



Sou eu!

on domingo, 10 de maio de 2009

As ressacas tiram-me do sério.
Nao aguento continuar assim, o meu corpo treme como varas verdes, tenho a cabeça a bater de uma maneira inacreditável.
O meu nome é Arlindo Esteves, custou-me antes, mas agora posso admitir, sou toxicodependente, por muito pena minha a minha vida é esta.
O drama de lutar todos os dias contra a vida, o drama de lutar todos os dias contra a falta de dinheiro.
Ja estive preso, ja fui assaltado, já fui maqueado, já fui envergonhado...ja fui apaixonado. Antes nao era assim, com 25 anos ninguem é assim, eu amava-a, ela era tudo para mim!
Porque que ela me deixou?
Nao sei...
Dizia que precisava de espaço, até hoje ainda nao disse nada!
Sim, sou um fraco de espirito, sou um fraco em tudo...
O meu nome é Arlindo Esteves, tenho o 12º ano, n tenho dinheiro para estudar, arranjam-me uns trocos?!
Nao sei se vale a pena continuar esta vida, nao sei se vale a pena continuar a lutar para chegar a noite e chutar-me avontade, de dormir nas nuvens e acabar na merda outra vez, acabar na merda como tem aconteceido á 5 anos!
Consigo alcançar o climax antes de ir dormir, e a conta disso durmo em baixo de uns cartoes, e tento sempre arranjar de comer...
O meu nome é Arlindo Esteves, nunca ninguem me deu o meu devido valor, nunca ninguem puxou por mim, nunca ninguem me conheceu!