O outro lado...

on domingo, 13 de abril de 2008

A chuva nao parava de cair, eu ouvia-a durante a noite, senti-me desprotegido, senti-me com medo, medo de que ela me lava-se e me fizesse esquecer tudo...
Voltei a adormecer, com medo, mas la consegui.
Acordei tarde e a más horas, sem vontade de comer, sem vontade de mexer, olhei para a rua e via que afinal nao tinha sido um sonho, choveu, e eu ouvi, dava para ver a tristeza que a rua tinha quase seca, dava para sentir isso.

Voltei para a cama a pensar, sentei-me com os ombros em cima dos joelhos, tal como a cabeça, e depois vi que nao conseguia pensar,vi que nao era eu que estava ali outra vez na mesma situação, a situação de merda que é o coração em ferida.

Tomei um banho, quente, sem parar de pensar, queria que o banho nunca mais acabasse, queria lá ficar, queria limpar-me!
Fui outra vez a janela, a rua estava vazia, estava diferente dos outros dias, nao havia ninguem, os passeios sujos, os candeeiros sozinhos, um ou outro carro estacionado, o sol nao estava la...eu nao estava lá.
Nao consegui fazer nada,sentei-me outra vez na cama, mas já nao pensava, apenas tentava adormecer outra vez para fazer com que isto desaparece-se tudo de uma vez.

Depois de uma hora assim, no vai e nao vai, resolvi vestir-me e saí.
Fui ao café,nada nem ninguem me fazia levantar a cabeça, sentia-me estupido, sentia-me noutro mundo, noutro lado.

Nao consegui aguentar muito mais tempo na rua, nao que eu quisesse, mas sim porque a minha cabeça me obrigava a ir para casa, fechar a persiana e tentar fechar os olhos, porque o estado de espirito nao era o mais indicado para os sorrisos, a alma estava e esta a recuperar da queda...

Nao me apetece sair deste escuro, deste meu mundo que nao existe, deste meu mundo que sou eu que o estou a criar sem querer, sem me preocupar com os outros...
Enquanto nao resolvia nada, olhava varias vezes para o telemovel e nao via nada, de cada vez que olhava apenas sentia dores por dentro, dores de alma que nem a porcaria do alcool podia limpar, dores que demoram muito tempo a sair, olhava e olhava, estava a ser masoquista e burro, eu sabia que ela nao iria dizer nada, sabia...

Desliguei-me contra a minha vontade, desliguei-me contra a vontade de toda gente, desliguei-me porque nao me apetecia morrer completamente!

Olho para todo lado e reparo que estou a mais, a mais em tudo, aqui, lá, em todo lado...reparo que estou noutra dimensão, noutro mundo, um mundo que eu estou a alimentar a olhos vistos, um mundo que me faz viver "n`O outro lado..."



Por mais dor que tenha, por mais que me aconteca, enfrento tudo e todos...para mim!

2 comentários:

®efeneto disse...

Eu preciso de um poema alegre
Emoldurando uma semana triste
É necessária uma cor no cinza
Desta inútil dor que persiste.

Eu preciso de música vibrante
Melodia, um canto que espante
Atingindo em cheio com cantos
Todos meus obscuros recantos

Eu preciso dum pulsar da vida
De novo alento, ares do vento
Sentir no sangue em movimento
Vontade de outra vez renascer

Eu preciso de um poema alegre
Palavras que tragam o encanto
Pois para quem já viveu tanto
Tudo o que resta é continuar.

Resta continuar a desejar um fim-de-semana cheio de amizade.


Texto sofrido de mais...abraço

®efeneto disse...

Há no voar das gaivotas,
Um cheiro que paira no ar.
Sei que este Inverno vai acabar.
Não haverá sonhos mutilados,
A paz é um país a conquistar
Ao sabor do perfume dos cravos.

Sei que a Primavera vai despertar
No sol de Abril em verdade,
Sei que os rios desaguam no mar
E a nossa voz na liberdade.
**
Liberdade no feriado e Paz no fim-de-semana.
Beijos e abraços á escolha.